Uma carta à ansiedade
És uma dor no peito que não passa.
És a boca amarga.
És a sensação de enjoo.
És aquela tontura.
És a fome insaciável ou a falta dela.
És ser o capaz de se concentrar.
És o não conseguir estar quieto ou ser incapaz de mexer um dedo.
És o esquecer o que se está a a fazer a meio do processo.
És o não conseguir dormir ou nem conseguir sair da cama.
És a vontade de chorar por nenhuma razão.
És tudo ao mesmo tempo...
És tudo ao mesmo tempo e em qualquer lugar, por tudo e por nada...
És a ansiedade e chegas de fininho para nos dar um murro na vida e atirar para um cantinho escuro.
"Estás ansiosa porquê?"
"Isso não é razão para ficares assim."
"Vê lá se isso é motivo para chorar."
"Porque é que estás aos berros?"
Porque as crianças não têm stress na vida.
Porque as crianças são novas demais para ter problemas de ansiedade.
Porque muitos médicos ignoram os sintomas atempadamente.
Porque os fusíveis queimaram por causa de tantos "porques".
Querida ansiedade,
Vou tratar-te por tu porque acho que o posso fazer.
Vivemos juntas há tantos anos e uma vez mais visitaste-me.
Tenho estado bem, feliz, em paz mas mesmo assim achaste por bem dizer olá, lembrar-me que não foste embora. Porquê? Não sei e não me trazes uma razão para essa visita nem me explicas.
Não quero o teu abraço nem o das drogas por isso vai e não voltes. Mas sei que não vais de vez. Vais e voltas quando és mais inconveniente. Admiro a tua persistência mas eu também sou teimosa e estou farta de te deixar ganhar por isso agora é a minha vez de te bater.