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Folha em Branco

Folha em Branco

Seg | 21.12.15

Com tantos desperdícios de oxigénio, és tu que partes

Nascemos, a vida fode-nos e depois morremos. 

Não tenho problemas em processar a morte ou o seu conceito. Não gosto de funerais ou cemitérios e apesar de brincar muito com o assunto fiz luto uma única vez na vida por um homem que me marcou.

Apesar de tudo e de saber que todos temos de morrer um dia continuo a não conseguir processar bem a morte de um jovem.

Conheço cabrões que apenas servem para poluir o oxigénio que respiro e não andam cá a fazer o quer que seja e depois vejo as luzes azuis a piscar, começo a ouvir vozes, ouvir janelas a abrir,... vejo os paramédicos a levar um corpo numa maca, ... e horas depois sabemos que o corpo desistiu, o coração parou e os olhos fecharam-se.

Porque tem uma criança de sofrer tanto com uma doença e apesar de toda a força, luta e apoio o corpo não aguenta? 

Não é justo ter de dizer adeus a alguém que nunca saberá o que é viver a vida. Viver a adolescência, os amores e corações partidos, as saídas à noite com os amigos.

Nenhum pai deveria ter de dizer adeus a um filho, muito menos quando é uma criança. 

15 anos não dá para nada.

15 anos nem dá para perceber quem somos.

Vou ter de te dizer adeus apenas 15 anos depois de teres nascido.

A vida foi injusta para ti. Espero que agora estejas em paz e que olhes pela tua maninha de quem tanto gostavas.

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