O jantar está servido
Estava um jovem alto e espadaúdo sentado ao balcão. À sua frente o empregado pousava mais um copo de leite morno. João olha para o relógio de pulso do Topo Gigio e vê que os ponteiros já marcavam as nove da noite. “Está a ficar tarde.” pensou bebendo de uma vez só o conteúdo do copo.
Pegara na carteira quando ouviu a porta do café bater e olhando em frente viu uma figura reflectida no espelho. A forma era esguia e movia-se com uma ligeireza que parecia ensaiada até à exaustão. Pelo canto do olho viu umas pernas longas ao seu lado cobertas de meias de um verde-escuro com um estranho padrão.
- Fuma? – perguntou numa voz suave que o rodeou de fumo
- Lamento, mas não… pode virar o seu para outro lado? – ao virar-se para a encarar ficou surpreendido por ver que o fumo a rodeava apesar de não existir nada a arder em seu redor. Fixou os seus olhos nos dela e ficou sem palavras.
- Apetece-me ir jantar… quer acompanhar-me?
Sem mais um som da sua boca, levantou-se e João seguiu-a como um cordeiro obediente. Quando acordou do transe em que tinha sido colocado estava num beco sem saída e uma chama vinha na sua direcção.
Este conto foi escrito para o João Valentim,
que acha que os dragões são todos iguais.